No Brasil, o segmento de self storage, focado na locação de espaços flexíveis para armazenagem, avança em um ritmo de 5% ao ano. Em 2014, a expectativa é que o faturamento chegue a R$ 120 milhões. São cerca de 90 empresas que possuem 120 galpões com boxes de um a cem metros quadrados que podem ser alugados pelo tempo que os clientes necessitarem. Diante dos altos preços dos imóveis nos grandes centros urbanos e de uma tendência de diminuição dos tamanhos das residências e escritórios, a demanda pela solução cresce.
Pequenas e médias empresas têm se utilizado do self storage como uma alternativa de otimização dos seus negócios.
“As unidades de self storage estão mais concentradas na cidade de São Paulo, onde a atividade começou em 1993, mas vemos que, hoje, há muitas oportunidades de expansão em outras capitais e grandes municípios”, afirma Flavio Del Soldato Jr., presidente da Associação Brasileira de Self Storage (Asbrass).
A área locável total oferecida pelas companhias de self storage é de aproximadamente 260 mil metros quadrados, sendo 46% na capital paulista. O self storage é incipiente no país. A atividade foi criada nos Estados Unidos em 1958. Atualmente, no mercado americano são mais de 50 mil unidades que oferecem cerca de 13 milhões de metros quadrados. O segmento é consolidado em países europeus e asiáticos.
No exterior, a maioria dos boxes é utilizada por pessoas físicas, mas aqui, segundo a associação, o desenvolvimento ocorre com grande participação de empresas que representam quase metade dos alugueis. Neste caso, a solução tem sido usada para guardar itens de almoxarifado, documentos, arquivos e mobiliário de escritórios.
O self storage tem auxiliado as pequenas e médias empresas a gerenciar estoques e logística de distribuição. Isso porque é possível fechar contratos temporários de aluguel e, sem burocracia, reduzir ou aumentar os espaços conforme o andamento das vendas, o que representa economia. Lojistas, pequenos importadores e, ainda, companhias de comércio eletrônico em fase inicial de operações se destacam entre os clientes. “No setor de comércio eletrônico os estoques são variáveis e, muitas vezes, os empresários que estão começando não têm capital suficiente para manter uma estrutura fixa adequada e se utilizam dos boxes”, afirma Flavio Del Soldato Jr.
Quanto às pessoas físicas, o self storage é usado para acomodação de móveis e eletrodomésticos temporariamente, nas ocasiões de mudanças e reformas de residências. Há ainda os que alugam os boxes como armários, para guardar com pouso uso cotidiano e artigos de esportes e lazer como pranchas, caiaques e motos. Os boxes são privativos e apenas os contratantes e pessoas autorizadas por eles têm acesso por meio de senhas eletrônicas e chaves.
Em se tratando de self storage pode-se guardar praticamente tudo, exceto produtos perecíveis e tóxicos. Conforme a Asbrass, os preços dependem das localizações das unidades e tamanhos. Mas como referências médias, a entidade destaca que o aluguel de um box de 2,25 m2 sai por R$ 270 por mês; um espaço de 9 m2, em torno de R$ 710 e um módulo de 27 m2, cerca de R$ 1,9 mil.
A pioneira no país é a Kipit, uma empresa familiar fundada na década de 90 na Chácara Santo Antônio, em São Paulo. O galpão possui 2,5 mil m2. “A ocupação atual é de 90%. Temos muitos clientes antigos”, destaca Roberto Belotti, proprietário da Kipit. “As empresas que nos procuram buscam otimizar as áreas de seus escritórios. Há ainda pequenas indústrias e laboratórios que guardam seus equipamentos”, diz Belotti. Nos últimos 20 anos, o bairro ganhou muitos empreendimentos residenciais e a Kipit tem atendido esses moradores.
O faturamento da Rnt a Box cresce de 8% a 10% ao ano. A empresa começou as operações em 2006 e segue em expansão. “Uma nova unidade foi inaugurada em Santos, onde não havia nenhuma empresa desse tipo. Fica próxima ao porto e as empresas podem fazer pequenos estoques”, diz Márcia Fruchtengarten, gerente de marketing. A Rnt a Box tem cinco galpões, sendo três em São Paulo, um em São Caetano do Sul e, agora, em Santos.
Há 18 anos no mercado, a taxa de ocupação da Guarda Tudo SP, na Vila Leopoldina, em São Paulo, é de 90% de seus 5,5 mil m2. Cerca de 70% dos contratos são de moradores do entorno e 30%, de empresas. “Recentemente, foram construídos muitos prédios com apartamentos pequenos e os boxes viram uma extensão para acomodação de diversos objetos”, diz Ana Lara, gerente administrativa.
Fonte: Valor Econômico 20/08/2014